Muitas vezes o foco dos pacientes são as rugas ou a flacidez da pele e por isso, algumas áreas que podem proporcionar enormes benefícios a muitos pacientes, acabam sendo negligenciadas. É o caso das têmporas.
E por que também deveríamos incluir as têmporas para o preenchimento?
A perda de volume temporal faz parte do processo natural de envelhecimento da face. Esse afundamento das têmporas se dá principalmente pela atrofia do tecido adiposo, mas a perda de ossos, tecidos moles e músculos também contribui. Essa concavidade formada nas têmporas leva por sua vez, à:
Abaixamento da pálpebra e sobrancelha
Frouxidão da pele na área periorbital e bochecha
Mudanças no formato geral do rosto
Proeminências do arco zigomático
Esse conjunto acaba muitas vezes dando ao rosto um aspecto cadavérico e envelhecido. Dessa maneira, ao preencher essa área, ajudamos a sustentar a parte externa do olho, levantar a sobrancelha e suavizar as linhas de expressão periorbitárias, proporcionando uma aparência mais jovem.
Que produtos usar?
Existem duas decisões principais a serem tomadas após analisar cuidadosamente sua anatomia individual. É preciso decidir qual produto (ou combinação de produtos) usar e exatamente onde colocá-los para obter os melhores resultados.
Os preenchimentos em gel de ácido hialurônico (AH) são as escolhas mais populares, com menor custo e são uma boa opção para esta área, de forma a preencher superficialmente para restaurar o volume perdido. Embora o gel de ácido hialurônico possa ser colocado profundamente (a nível do periósteo/osso), como a fossa temporal é vasta, demanda uma grande quantidade de gel de ácido hialurônico para levantá-la, o que além de dispendioso, não é seguro. Então, faço a técnica superficial, pois com pouco produto já se obtém uma boa correção do afundamento. As imperfeições causadas pela colocação irregular do preenchimento neste caso, serão mais visíveis porque o tecido nesta área é muito fino. Hematomas também são mais prováveis porque existem várias veias nesta área. O uso de cânulas rombas (não cortantes) ajuda a atenuar os hematomas, mas não os eliminará. As cânulas também trazem desconforto mínimo, além de reduzir o risco de hematomas.
Já para uma voluminzação, feita de forma mais profunda com agulha, a opção mais viável é o ácido poli l lático (Sculptra/Elleva). Este bioestimulador de colágeno é líquido ( um pó que é diluído com solução salina ou lidocaína ou a mistura dos dois diluentes). Ele estimula seu corpo a regenerar o colágeno e restaurar o volume perdido para um resultado mais duradouro, embora não imediato. Mas a vantagem em relação ao gel de AH é que um frasco de ácido poli l lático, cria ao passar dos meses, aproximadamente 4 a 5 ml de volume! Além do volume, estimula colágeno por até mais de 2 anos. O ácido poli l lático é inclusive, o meu método preferido para corrigir a perda de volume acentuado nas têmporas. Quando colocado profundamente ao nível do periósteo, além de criar uma correção muito duradoura é o único preenchimento no qual se pode confiar na aspiração. E por que isso? Porque ele diluído, tem quase a mesma consistência de água e apresentará de imediato um refluxo vermelho de sangue, caso a ponta da agulha esteja dentro dentro de um vaso. Já no caso do gel de ácido hialurõnico, devido a sua viscosidade, torna esta técnica (aplicação profunda) um indicador não confiável para testar onde está a ponta da agulha (pode dar um falso negativo) e além disso aplicado profundamente na fossa temporal, pode migrar para o músculo masseter. Então isso traz ao ácido poli l lático um perfil de segurança superior ao ácido hialurônico (e o CaHA), se aplicado profundamente nesta área. Além disso, produz uma correção de ação prolongada e aparência natural.
Outra vantagem do uso do acido poli l lático para a volumização das têmporas, é que na maioria dos pacientes, ele ajuda a levantar também o excesso de pele da pálpebra superior. Veja abaixo.
O que esperar depois
O tratamento em si é rápido e fácil. Uma pequena quantidade de anestésico (lidocaína) é aplicada no local de entrada da cânula e também costuma vir adicionada no próprio gel preenchedor para dar mais conforto ao paciente. Por causa disso, é comum depois do preenchimento sentir as sobrancelhas um pouco anestesiadas e não conseguir levantá-las, mas dentro de algumas horas, o efeito do anestésico passa e tudo volta ao normal.
Ao usar preenchimentos , seja o gel de ácido hialuronico ou ácido poli l lático, algumas vezes há adição de solução salina ou lidocaína misturada ao preenchimento, então você verá uma pequena quantidade de volume extra (que pode parecer excessiva) mas que será reabsorvida rapidamente. Mas você será acompanhado por mim durante o processo.
Dor e inchaço leves são normais. Hematomas também podem ocorrer. Inclusive eles nem sempre ocorrem por conta do deslizamento da cânula entre os tecidos. O simples fato de injetar o anestésico no local pode gerar um hematoma, tal como acontece em qualquer outra área da face ou corpo.
Os hematomas são comuns, porque a região, é bastante vascularizada, e esse grande número de vasos não são visíveis (exceto alguns em algumas pessoas na superfície Sempre que uma agulha perfura a pele, existe o risco de atingir um pequeno vaso, resultando em hematoma.
A área das têmporas é bastante vascularizada e repleta de camadas, por isso é preciso conhecer a anatomia local, tomando as precauções e usando as técnicas adequadas para o preenchimento nessa região, a fim de evitar maiores complicações.
As técnicas para minimizar intercorrências graves são:
Injeção lenta do preenchimento que evita o fluxo retrógrado do enchimento
Uso de cânulas de maior calibre que dificultam a entrada nos vasos. (o uso de cânulas demonstrou ser significativamente mais seguro do que agulhas, porque sua ponta romba tem menos probabilidade de resultar em uma injeção intravascular)
Mover constantemente a extremidade da cânula para evitar uma injeção em bolus dentro de um vaso
Aspiração antes da injeção para ver se há retorno de sangue, indicando uma localização intravascular e assim mudar a agulha ou cânula de lugar.
Alguns cuidados pós preenchimento das têmporas
Evitar dormir sobre as têmporas, para não marcar o preenchedor ou gerar deslocamento
Não aplicar pressão nas têmporas por alguns dias após as injeções
Não fazer exercício extenuante até 48 horas após o tratamento
Evitar tocar as têmporas, até que o inchaço, a dor e o desconforto diminuam
Limpar e enxaguar suavemente as têmporas pelo menos uma vez ao dia para reduzir os possíveis riscos de infecção.
No caso de hematomas, passar Arnica Montana ou Hirudoid (dentro de uma ou duas semanas, eles desaparecerão.
Ao utilizar o gel de AH superficialmente, poderá notar inicialmente alguma irregularidade no preenchimento, que também se resolverá por si só com o passar dos dias.
Quanto tempo dura o efeito?
Geralmente de 12 a 18 meses com gel de AH e até 2 anos com ácido poli l lático, mas cada pessoa é diferente e, portanto, o tempo de duração não será o mesmo pra cada uma.
O resultado é o mesmo pra cada um?
Da mesma forma que o tempo de duração do efeito de preenchimento varia entre os indivíduos, o resultado sempre será único, porque cada pessoa é única. A profundidade das têmporas, o grau de flacidez da pele, a idade, entre outros fatores influenciam. Por isso cada paciente possui uma indicação específica para preenchimento na região da têmpora, e cabe ao profissional avaliar cada caso de forma individual e estabelecer o plano a ser preenchido e a técnica apropriada para o procedimento.
Qual a quantidade para preencher as têmporas?
Embora, a profundidade que se forma nas têmporas de cada pessoa seja diferente, e possa demandar mais ou menos produto, não é seguro um grande volume de preenchedor. No caso do gel de ácido hialurônico, por exemplo, como realizo a aplicação superficial na camada subdmércia/gordurosa da têmpora, não utilizo mais mais que 0,5 ml por lado, ou seja, uma seringa de 1 ml, no total. Esse volume, nem sempre conseguirá tratar a depressão ali instalada como o paciente espera, mas mais do que isso, realmente não é um caminho seguro. Por isso para pacientes com afundamento muito grande, o melhor tratamento é o acido poli l lático. Nesse caso, a quantidade depende do caso, mas a maioria dos pacientes tem bons resultados com um frasco, distribuído entre 3 sessões. Essas aplicações devem ser feitas em sessões espaçadas de pelo menos 4 a 6 semanas, pois o ácido poli l lático leva tempo para construir (colágeno) e gerar o volume necessário. Isso significa que o resultado com o ácido poli l lático, não é imediato, mas aparece com o tempo e de forma bem natural e uniforme. Demora alguns meses para proliferar completamente e a resposta varia um pouco de paciente para paciente. Como se trata de aplicação profunda do bioestimulador, não há riscos de formação de de nódulos (como pode ocorrer quando os bioestimuladores são aplicados superficialmente). Normalmente , um volume final de 8 a 10 ml tem uma relação risco-benefício favorável.
Contraindicações
Hipersensibilidade ou alergia ao produto de enchimento ou aos seus componentes;
Gravidez e amamentação;
Doenças autoimunes.
Pacientes com alergias múltiplas ou graves não devem ser tratados;
Pacientes com pele anormalmente fina ou atrofia da pele (por exemplo, induzida por corticosteróides) não são adequados para preenchimentos superficiais ou de profundidade média;
Infecções (virais como HSV, HPV), bacterianas (estreptococos ou estafilococos) ou infecções fúngicas na região a ser tratada ou adjacente a ela podem sobrecarregar o local e levar a complicações;
Acne no local ;
Dermatite ativa (dermatite inflamatória, dermatite alérgica de contato, dermatite seborreica) pode resultar em um agravamento adicional e ter consequências negativas (deve-se aguardar até que as lesões tenham sido tratadas e resolvidas, para fazer o preenchimento).
OBSERVAÇÃO: Não trabalho com preenchimentos DEFINITIVOS (PMM e outros) somente com substâncias temporárias que são absorvidas pelo corpo com o passar do tempo, como o gel de ácido hialurônico e bioestumadores de hidroxiapatita de cálcio e ácido poli l lático.
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